3.1.03

Os Quadrinhos de 2002

Nos quadrinhos, meu de 2002 foi - em nenhuma dúvida - o ano do Warren Ellis. Li todo seu percurso em The Authority, li Transmetropolitan todo, a maior parte de Stormwatch, Strange Kiss (bem meieiro, aliás), tudo de Planetary que saiu e - no último dia do ano - os dois primeiros números de Global Frequency.

O que mais me impressiona é a variedade e qualidade dos trabalhos. Mesmo que um ou outro fiquem distante das maravilhas que são - por razões totalmente diferentes - Planetary, Transmetropolitan e Global Frequency (até segunda comento melhor essas duas), todas obras são muito superiores à médio do que encontro por aí.

Esse ano finalmente li Maus e tenho que admitir que o hype em torno do negócio é todo merecido. Não costumo gostar de história sobre o Holocausto, uma vez que a maior parte das que li poderia se resumir a "olha o que fizeram com os coitadinhos dos judeus". Spielgman ultrapassa isso de longe ao retratar seu pai, sua luta para sobreviver à Guerra e os efeitos que os eventos tiveram sobre ele.

A melhor história em quadrinhos do ano foi Alec: How to be an Artist, de Eddie Campbell. Li quatro vezes essa mistura de biografia e história do surgimento e desaparecimento da tal graphic novel. Se você se interessa pela história dos quadrinhos, precisa ler esse livro. Aliás, você precisa ler esse livro se é - ou quer ser - qualquer um dos muitos tipos de "artista", se gosta de histórias focadas em personagens ou se gostou de Do Inferno ou qualquer filme de Woody Allen.

Já no final do ano, finalmente consegui ler algo escrito por Brian Wood. Gostei muito de Couscous Express e Pounded, duas hqs que trazem um fôlego diferente para os quadrinhos de ação. Vamos ver se - como todo diz - Channel Zero é melhor que esses.

Também consegui colocar as minhas mãos em Ghost World, de Daniel Clowes. Fiquei impressionado com o retrato que ele desenhou de duas pós-adolescentes perdidas na vida e que passam a maior parte do tempo se dedicando a atividades sem sentido. As histórias que formam o livro são bem humoradas - sarcásticas, até - mas vão se acumulando com uma tristeza inescapável e um cansaço que ecoa direitinho com quem já ficou com vontade de mandar tudo à merda e se negar a crescer.

A descoberta do ano nos quadrinhos foi o português Jose Carlos Fernandes, autor de A Pior Banda do Mundo.